Invocação do Mal (The Conjuring)
Direção: James Wan
Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes
Duração: 112 minutos
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Sinopse: No ano de 1971, uma família da
pequena cidade de Harrisville, os Perron, mudam-se para uma fazenda
que possui mais de 150 anos. Ao chegar lá, eles passam a sofrer nas
mãos de espíritos sinistros presentes no local. Desesperados para
manter suas cinco filhas seguras, Carolyn Perron (Lili Taylor) e seu
marido Roger Perron (Ron Livingston) contratam o casal de
investigadores paranormais profissionais, Ed e Lorraine Warren
(Patrick Wilson e Vera Farmiga). Porém, estes dois últimos só não
esperavam encontrar uma entidade demoníaca poderosa, que se tornaria
no maior desafio de suas carreiras.
James Wan é foda. É estranho
começar a escrever uma resenha dessa maneira, eu sei. Mas, o cara
merece reconhecimento. E é assim que eu quero começar. Ele dirigiu
o primeiro “Jogos Mortais”. Tá, até aí nada demais... pelo
menos pra mim, pois não sou fã da série. Porém, fui pego de
surpresa quando fui ao cinema na sessão da madrugada para assistir
Invocação do Mal (The Conjuring).
E por que eu fui pego de surpresa? Simples, eu fui assistir a um
filme de terror. Filmes de terror atuais são geralmente assim: as
pessoas estão com uma câmera caseira filmando tudo. Então, começam
a brincar ou mexer com coisas sobrenaturais, sempre em tom de
gozação. O ritmo começa lento, brincadeiras aqui, brincadeiras
ali, aos poucos as coisas começam a acontecer... bla bla bla...
susto gratuito... bla bla bla... sustos gratuitos²³... bla bla
bla... roteiro se perde... bla bla bla... final merda. É isso que
mais se vê em filmes de terror atuais, pelo menos os hollywoodianos.
Sempre tem um italiano ou um francês pra fazer um filme bom de
terror, sem clichês, etc, etc e tals. Ah, e os japoneses mandam bem
também, embora o estilo já esteja bem saturado. Mas, o que que eu
quero dizer com toda essa enrolação? Simples. Invocação
do Mal é um ótimo filme de
terror hollywoodiano.
Uma
coisa importante: o filme já começa tenso. Desde o início já
vemos as coisas acontecerem. Logo na porra do logo da Warner já
começa o clima. Então, vemos de início o caso da boneca Annabelle.
Aliás, o filme é baseado em fatos. Ok, isso não quer dizer que
tudo o que esteja ali seja real. E não é. O diretor James Wan deixa
bem claro isso no design da própria boneca Annabelle. Observe a foto
da boneca original e compare-a com a do filme e verá a enorme
diferença. E imagino que todo o filme siga nessa linha. Tem coisas
que precisam de um up.
Ainda mais em um filme de terror. Mas, não é só por causa do clima
tenso permanente que o filme é bom. A direção de Wan é bastante
segura e precisa. Ele tem o timing perfeito pra criar os momentos de
tensão pré-susto e mantê-los depois que as “entidades”
aparecem. E vemos a grande habilidade de Wan com os movimentos de
câmera utilizados nos momentos de ação (a câmera vira de cabeça
para baixo em determinado momento, nos passando a sensação de
agonia sentida pelas personagens).
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À esquerda a Annabelle real e à direita a Annabelle do filme. |
Outra
coisa em que o filme se destaca é pela quantidade de personagens. O
casal Carolyn Perron e Roger Perron possui cinco filhas. Ou seja, de
uma forma ou de outra a casa está quase sempre cheia de gente. E,
acredite, todas as filhas são excelentes atrizes. Inclusive,
uma das minhas cenas favoritas do filme é uma cena em que não
mostra nada, nenhuma aparição é visível para nós, apenas a
personagem Christine (interpretada pela ótima Joey King) vê a
“entidade” em seu quarto. O pavor nos olhos da garota e sua voz
falhando ao tentar acordar a irmã Nancy, que dormia ao seu lado, são
suficientes para nos causar medo. Mais um ponto para o filme, que em
várias cenas apenas sugere e não mostra, deixando para nossa
imaginação macabra a oportunidade de criar algo terrivelmente
assustador. E funciona muito bem. Aliás, um dos maiores momentos de
tensão do filme é criado a partir de uma inocente brincadeira
infantil. Uma derivação do “Gato mia”, que eu mesmo já
brinquei muito. Porém, ao invés de imitar um miado de gato, a
pessoa deve bater palmas. O suspense criado nas cenas que envolvem
essa brincadeira é do caralho muito eficaz.
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Uma das minhas cenas favoritas. A jovem atriz Joey King dá um show de interpretação aqui. |
Eu
mencionei que as meninas atuaram muito bem. Mas, não só elas. Lili
Taylor como a mãe Carolyn está incrível. A Vera Farmiga dispensa
apresentações. Sua interpretação de Lorraine Warren, a médium
clarividente, empolga. E, claro, o sempre ótimo Patrick Wilson como
Ed Warren, o demonologista, manda muito bem. Aliás, sou muito fã do
Patrick desde sua interpretação do Coruja em Watchmen.
A química entre o casal Ed e Lorraine Warren é perfeita. Quando os
dois estão em cena, de alguma forma, nos sentimos mais seguros, pois
sabemos que eles de fato entendem sobre aquilo e sabem o que estão
fazendo. É quase tudo friamente calculado.
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Os excelentes Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). |
A
trilha sonora é fantástica. Somos embalados por excelentes rocks, que ajudam a nos ambientar na época em que se
passa a história (in the 70's, baby). Sim, não temos aparelhos celulares, câmeras
microscópicas e outras modernidades. Aqui é mais roots. Esse é um
dos pontos fortes do filme. Agora, quando o negócio é pra dar medo,
as trilhas são todas de sons diegéticos, ou seja, ruídos da casa,
sejam portas batendo, vento soprando, etc. Nada ficou over. Tudo está
na medida certa.
Acima
eu comentei que fui assistir a um filme de terror. E, de fato, eu
assisti a um filme de terror, mas também a um filme de suspense e
também a um filme de investigação. James Wan consegue mudar o
gênero do filme de forma muito orgânica. E muda várias vezes. E o
roteiro é tão amplo, pois, podemos falar da boneca Annabelle,
podemos falar das entidades que estão na casa dos Perron, podemos
falar de Amityville (opa, quem prestou atenção?), etc. Justamente
por isso que foi anunciado que teremos uma trilogia. E faz todo o
sentido do mundo termos mais filmes com o casal Warren. O grande
problema é que provavelmente não teremos James Wan na direção. E,
conhecendo Hollywood e sequencias... não dá pra ficar animado com
essa notícia. Eu espero que as sequencias não prejudiquem essa obra
maravilhosa de terror (como foi o caso de [REC]² e derivados), esse
gênero que está tão machucado justamente por causa dessas
sequencias estúpidas que resolvem fazer. Mas, não vamos criar
tempestade num copo d'água. Invocação do Mal
é um filmaço, James Wan é foda e o gênero de terror mostra que
ainda está muito vivo.
Mais uma coisa: Se possível não assista ao trailer!
Resenha de Raphael Chiavegati
Oliveira
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