Pauline na Praia (Pauline à la
Plage)
Direção: Eric Rohmer
Roteiro: Eric Rohmer
Duração: 94 minutos
Ano: 1983
País: França
Sinopse: Pauline (Amanda
Langlet) tem 15 anos e vai passar as férias de outono com Marion
(Arielle Dombasle), sua prima mais velha. Elas vão para a costa
francesa do Atlântico, onde Marion reencontra um velho amigo, Pierre
(Pascal Greggory). Apesar do interesse dele, Marion prefere ficar com
o aventureiro Henri (Féodor Atkine), apesar de saber que o
relacionamento deles não tem futuro. Paralelamente, Pauline mantém
um romance com o adolescente Sylvain (Simon de la Brosse). Até que
Henri decide usar Sylvain para se livrar de um problema que teve com
Marion, o que atrapalha seu namoro com Pauline.
Eric Rohmer é um ótimo
diretor de atores. Vemos isso pela maneira orgânica em que os
diálogos se desenvolvem nas cenas. Cada diálogo, cada olhar, cada
gesto, tudo é retratado de forma bastante natural. E isso é
fundamental em um filme como Pauline na Praia, que trata de
relações entre as pessoas. O filme me chamou bastante atenção
nesse ponto. Eu estava realmente interessado nos rumos que as
relações entre as personagens ia tomar. E isso se deve, claro,
entre vários fatores, ao excelente roteiro de Rohmer. Todas as
situações vão se desenrolando em cadeia, até que algo seja
resolvido e se crie outra situação.
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Pierre, Pauline, Marion e Henri |
Pauline vai passar as férias
com sua prima mais velha Marion. Lá, em uma ida à praia, Marion
encontra Pierre, que é um friendzone antigo amigo que há tempos não
via. Logo, ele se mostra apaixonado por Marion, que, obviamente, não
está nem um pouco interessada. E, por intermédio do destino, Marion
conhece Henri, que é um bon vivant. Na hora, ela sente uma
atração por ele, o que emputece Pierre, que sabe que Henri é um
comedor aproveitador.
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Sylvain e Pauline |
Um dos pontos altos do filme
são os diálogos das personagens sobre relações amorosas. Marion,
que acredita ser mais experiente nesse assunto tenta dar conselhos
amorosos à Pauline, que, apesar de ser uma garota de 15 anos de
idade, mostra ser bem mais madura do que ela. Pauline conhece o
garoto Sylvain, que é um par romântico bem mais confiável do que
Henri. Pelo menos nesse ponto, a garota é bem mais esperta que sua
prima mais velha. Ah, e detalhe, podemos ver que Henri não é lá um
sujeito muito responsável logo no início, quando deixa sua filha
pequena dormindo sozinha em casa à noite pra ir na balada com
pessoas que acabou de conhecer.
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Pierre tentando conquistar Marion |
Mas, não se engane! Não tem
nenhum tipo de maniqueísmo no filme. Apesar de ser um cara
“esperto”, Henri demonstra se preocupar com Marion em alguns
momentos. E o filme não mostra só a fraqueza de Marion ao se
apaixonar pelo clássico cafajeste, como também mostra o outro lado.
Pierre, que a amava de verdade, não era um par interessante. A
própria Pauline diz algo parecido ao rapaz em determinado momento.
Ele não se esforça para conquistar Marion. Se limita apenas a
implorar pelo amor da moça. Não sei se é apenas uma viagem minha,
mas, pelo menos de início, me pareceu que Marion se aproximou de
Henri só para se livrar do insistente Pierre.
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Pauline e Marion |
Não posso deixar de falar de
Pauline, que é uma personagem cativante. Ela representa muito bem o
espírito adolescente de questionar tudo e de querer fazer tudo à
sua maneira. A atriz Amanda Langlet deu um show aqui. Todas as cenas
dela são muito boas. É daquele tipo de personagem que queremos
saber realmente a opinião. Queremos saber o que se passa por sua
cabeça. Além disso, temos um toque de Lolita nela. A garota
aparece em algumas cenas sensuais/ inocentes, de modo que chega até
a despertar o interesse de um dos adultos. Mas, é claro, não vou
dar spoiler... sou mestre nessa arte milenar e subliminar.
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Pauline |
Pauline na Praia mostra
que é fácil cometermos erros quando gostamos de alguém. Ficamos
cegos como Marion, à ponto de não percebermos tudo o que nos
envolve naquele momento. Ou até sabemos, mas fingimos não saber, e
acabamos nos deixando enganar. Eric Rohmer fez aqui um trabalho
brilhante ao pegar uma trama simples e expandi-la em relações
complexas, mantendo a direção segura, a montagem invisível e os
atores bem à vontade. E o elenco foi muito bem escolhido.
Resenha de Raphael Chiavegati Oliveira.
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