Páginas

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Resenha: Pauline na Praia (1983)


 Pauline na Praia (Pauline à la Plage)

Direção: Eric Rohmer
Roteiro: Eric Rohmer
Duração: 94 minutos
Ano: 1983
País: França


      Sinopse: Pauline (Amanda Langlet) tem 15 anos e vai passar as férias de outono com Marion (Arielle Dombasle), sua prima mais velha. Elas vão para a costa francesa do Atlântico, onde Marion reencontra um velho amigo, Pierre (Pascal Greggory). Apesar do interesse dele, Marion prefere ficar com o aventureiro Henri (Féodor Atkine), apesar de saber que o relacionamento deles não tem futuro. Paralelamente, Pauline mantém um romance com o adolescente Sylvain (Simon de la Brosse). Até que Henri decide usar Sylvain para se livrar de um problema que teve com Marion, o que atrapalha seu namoro com Pauline.


     Eric Rohmer é um ótimo diretor de atores. Vemos isso pela maneira orgânica em que os diálogos se desenvolvem nas cenas. Cada diálogo, cada olhar, cada gesto, tudo é retratado de forma bastante natural. E isso é fundamental em um filme como Pauline na Praia, que trata de relações entre as pessoas. O filme me chamou bastante atenção nesse ponto. Eu estava realmente interessado nos rumos que as relações entre as personagens ia tomar. E isso se deve, claro, entre vários fatores, ao excelente roteiro de Rohmer. Todas as situações vão se desenrolando em cadeia, até que algo seja resolvido e se crie outra situação.
Pierre, Pauline, Marion e Henri
     Pauline vai passar as férias com sua prima mais velha Marion. Lá, em uma ida à praia, Marion encontra Pierre, que é um friendzone antigo amigo que há tempos não via. Logo, ele se mostra apaixonado por Marion, que, obviamente, não está nem um pouco interessada. E, por intermédio do destino, Marion conhece Henri, que é um bon vivant. Na hora, ela sente uma atração por ele, o que emputece Pierre, que sabe que Henri é um comedor aproveitador.
Sylvain e Pauline
      Um dos pontos altos do filme são os diálogos das personagens sobre relações amorosas. Marion, que acredita ser mais experiente nesse assunto tenta dar conselhos amorosos à Pauline, que, apesar de ser uma garota de 15 anos de idade, mostra ser bem mais madura do que ela. Pauline conhece o garoto Sylvain, que é um par romântico bem mais confiável do que Henri. Pelo menos nesse ponto, a garota é bem mais esperta que sua prima mais velha. Ah, e detalhe, podemos ver que Henri não é lá um sujeito muito responsável logo no início, quando deixa sua filha pequena dormindo sozinha em casa à noite pra ir na balada com pessoas que acabou de conhecer.
Pierre tentando conquistar Marion
     Mas, não se engane! Não tem nenhum tipo de maniqueísmo no filme. Apesar de ser um cara “esperto”, Henri demonstra se preocupar com Marion em alguns momentos. E o filme não mostra só a fraqueza de Marion ao se apaixonar pelo clássico cafajeste, como também mostra o outro lado. Pierre, que a amava de verdade, não era um par interessante. A própria Pauline diz algo parecido ao rapaz em determinado momento. Ele não se esforça para conquistar Marion. Se limita apenas a implorar pelo amor da moça. Não sei se é apenas uma viagem minha, mas, pelo menos de início, me pareceu que Marion se aproximou de Henri só para se livrar do insistente Pierre.
Pauline e Marion
     Não posso deixar de falar de Pauline, que é uma personagem cativante. Ela representa muito bem o espírito adolescente de questionar tudo e de querer fazer tudo à sua maneira. A atriz Amanda Langlet deu um show aqui. Todas as cenas dela são muito boas. É daquele tipo de personagem que queremos saber realmente a opinião. Queremos saber o que se passa por sua cabeça. Além disso, temos um toque de Lolita nela. A garota aparece em algumas cenas sensuais/ inocentes, de modo que chega até a despertar o interesse de um dos adultos. Mas, é claro, não vou dar spoiler... sou mestre nessa arte milenar e subliminar.
Pauline
     Pauline na Praia mostra que é fácil cometermos erros quando gostamos de alguém. Ficamos cegos como Marion, à ponto de não percebermos tudo o que nos envolve naquele momento. Ou até sabemos, mas fingimos não saber, e acabamos nos deixando enganar. Eric Rohmer fez aqui um trabalho brilhante ao pegar uma trama simples e expandi-la em relações complexas, mantendo a direção segura, a montagem invisível e os atores bem à vontade. E o elenco foi muito bem escolhido.


Resenha de Raphael Chiavegati Oliveira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário