Paixões
Que Alucinam (Shock Corridor)
Direção: Samuel Fuller
Roteiro: Samuel Fuller
Duração: 101 minutos
Ano: 1963
País: Estados Unidos
Sinopse: Um jornalista
ambicioso se compromete a resolver um assassinato cometido dentro de
um asilo - o que ele considera uma grande chance para conquistar o
Prêmio Pulitzer Para isso, ele precisa infiltrar-se entre os
pacientes, sendo internado como louco dentro da instituição. Só
que o convívio com os outros pacientes, e com a rotina do sanatório,
provocarão dramáticas mudanças no presunçoso repórter.
Já dizia o Coringa: “A
loucura é como a gravidade, basta um empurrãozinho!” Essa
frase podia até ser uma epígrafe para este filme de Sam Fuller.
Cairia como uma luva. Mas, o filme começa com outra epígrafe,
igualmente genial. Uma frase do poeta trágico grego Eurípedes: "A
quem Deus quer destruir, primeiro o enlouquece." Ou seja, o
filme já começa nos dando um soco na boca do estômago, e nos dará
vários deles ao longo da projeção. O título original do filme Shock Corridor fala muito mais do que o título em português, pois, o corredor pode ser considerado como um personagem. Eu estou tentando entender de onde tiraram o título Paixões Que Alucinam...
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Johnny Barret no meio do "corredor" |
O jornalista Johnny
Barrett almeja subir em sua carreira e ganhar o Prêmio Pulitzer. Uma
forma que ele encontrou de fazer isso é se passando por louco em um
sanatório para tentar descobrir quem assassinou um dos pacientes.
Seria a matéria do ano. Para isso, juntamente com seu chefe, ele usa
sua namorada Cathy no esquema. Ela se passa por sua irmã e vai
denunciá-lo por atos de incesto, de modo que o levem internado. Ele
passa por toda uma preparação com um psiquiatra para agir
exatamente como um louco. Obviamente, Cathy é contra isso,
mas acaba cedendo. Aí é que começa o drama. Aos poucos vemos como
um ser humano “são” e torna louco. Nesse ponto o filme é
impecável. Eu realmente me senti perturbado. Imagina que tenso...
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Cathy e Johnny |
Porém, não só de socos
no estômago é feito o filme. Temos momentos realmente divertidos.
Meu personagem favorito é disparado o Pagliacci. Quem assistiu vai
entender perfeitamente. De início até tive medo dele. Mas, aos
poucos se revelou bastante engraçado e cativante. Imagina um cara
alto, gordo, que dorme em uma cama ao lado da sua. Essa pessoa se
levanta no meio da noite e começa a cantar ópera olhando pra você. Este é o
Pagliacci. Além dele, tem outros personagens bastante irônicos,
como um negro que acredita que é o grão mestre da Ku Klux Klan, por
exemplo.
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Pagliacci, gente boa pra caramba |
Sam Fuller filma de forma
crua. O filme é como um vômito da mente humana. É assustador como
é fácil deixar uma pessoa com a sanidade mental comprometida. E o
interessante é que essas pessoas têm alguns rápidos momentos de
sanidade. É aí que Johnny tem que agir, pois sabe-se que três
pacientes presenciaram a cena do crime. Aos poucos Johnny interage
com as testemunhas coletando as informações necessárias. E algo
que achei bastante genial foi o modo como os pacientes tinham seu
momento de sanidade. A fotografia do filme é em preto & branco de alto contraste. Mas, nesses
momentos, quando o paciente se lembra de algo real de sua vida, as
lembranças se tornam coloridas.
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Essa cena não precisa de legenda... |
Tudo isso é uma grande
crítica ao ser humano. Até que ponto um homem chega para ganhar um
prêmio? Que riscos uma pessoa se submete para isso? No final vale à
pena? Sam Fuller nos mostra que o ser humano é capaz de qualquer
coisa para obter sucesso. Nos mostra que o mundo é um lugar fútil
(vide os vídeos mais acessados da internet). E, assim como o
Coringa, nos mostra que para a loucura, basta um empurrãozinho. Ou basta uma visitinha ao corredor...
Resenha de Raphael Chiavegati
Oliveira
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