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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Resenha: O Perfume da Dama de Negro (1974)


O Perfume da Dama de Negro (Il Profumo Della Signora in Nero)

Direção: Francesco Barilli
Roteiro: Francesco Barilli
Duração: 101 minutos
Ano: 1974
País: Itália

          Sinopse: Uma cientista industrial obcecada pelo trabalho passa a sofrer com traumas de sua infância. Seguindo à cartilha do gênero, o filme é confuso, cheio de personagens esquisitos e mortes brutais, mantendo sempre um envolvente clima sobrenatural que dá um toque ainda mais sombrio à essa desconhecida obra prima do giallo.

          Provavelmente você nunca ouviu falar deste filme. Não se culpe. Infelizmente, pouquíssima gente conhece. O Perfume da Dama de Negro é um filme singular. E eu não digo isso apenas para adjetivar, mas porque é verdade. E você só vai entender o que eu quis dizer com isso quando o assistir. O clima de mistério fica presente durante o filme todo. É é um puta mistério. E não adianta. Você nunca vai adivinhar o final do filme (sim, isso é um desafio). Mas, relaxe! Eu não darei spoiler.

          Francesco Barilli não é um diretor prolífico. Dirigiu pouquíssimos filmes. Mas, dirigiu muito bem (fez pouco, mas fez bonito). A impressão que eu tenho é que ele colocou toda a dedicação e criatividade de vários filmes em um só. O filme é uma montanha-russa. Ora, achamos que sabemos o que está acontecendo. Ora, não sabemos mais. Ora, voltamos a achar que sabemos o que está acontecendo. Ora, somos surpreendidos e percebemos que não sabemos nada do que realmente está acontecendo. E o filme tem todo o clima que eu adoro ver em filmes de giallo. E devo dizer que o uso das cores desse filme é soberbo (referências claras ao mestre Mario Bava). Os cenários são sempre muito coloridos, enormes e... pitorescos. E sem parecer over.

Repare como a protagonista é pequena em relação ao cenário.
          A trilha sonora é envolvente e cheia de mistérios. Aliás, quando você for assistir a qualquer filme italiano, pode ter certeza de que a trilha sonora vai ser foda. O tema do filme é bem marcante e pontua perfeitamente a narrativa.

          A protagonista Silvia, vivida pela excelente Mimsy Farmer é uma pessoa traumatizada. Algo em seu passado a incomoda profundamente, e isso a atormenta em forma de lembranças ruins e em forma de outras coisas que eu prefiro não spoilar. E isso a persegue durante todo o filme. Essa confusão psicológica é impressa na tela de maneira perfeita, fazendo com que nós, como espectadores, nos sintamos confusos também. O roteiro nos prende de uma maneira tão intensa que acabamos nos colocando na pele de Silvia. E, assim como ela, queremos muito saber what the fuck is going onIsso tudo incrementado pelo ótimo jogo de espelhos que ajuda a nos transmitir essa confusão da personagem no meio daqueles cenários enormes.

Os espelhos estão presentes durante o filme todo. 
          A atmosfera carrega um clima estilo O Bebê de Rosemary. E por causa dos traumas de Silvia, ficamos naquela dúvida sobre o que é real e o que não é. E ainda tem uns momentos Alice No País das Maravilhas que são do caralho sensacionais. Eu cheguei a ficar boquiaberto.

Olha a profundidade de campo desta cena!
          O Perfume da Dama de Negro é um clássico desconhecido. Uma obra-prima do giallo que merece ser vista. Mais do que simplesmente um filme de suspense. É um filme de mistério. E, no final, quando você achar que já entendeu, o filme tem um puta plot twist que vai explodir seu cérebro. Você ainda vai se surpreender.

Mais uma coisa: o final realmente me surpreendeu.


Resenha de Raphael Chiavegati Oliveira.

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