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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Resenha: Maladolescenza (1977)


Maladolescenza

Direção: Pier Giuseppe Murgia
Roteiro: Pier Giuseppe Murgia
Duração: 93 minutos
Ano: 1977
País: Itália

          Sinopse: Casal de adolescentes vive em local paradisíaco momentos de intensa felicidade e descobertas amorosas e sexuais, até que uma nova amiga surge para confundir e desestruturar a relação entre os dois.

          Maladolescenza é um filme inclassificável. Posso tentar encontrar adjetivos para ilustrar o que eu achei do filme: lindo, poético, grotesco, polêmico, infantil, adulto, leve, pesado, surreal, cruel, bizarro, bom, ruim, etc. Entendeu? Nem eu.

          É muito difícil definir Maladolescenza. Durante toda a projeção vemos apenas três personagens na tela: a protagonista Laura, vivida trágica e lindamente por Lara Wendel; o filho da puta garoto Fabrizio, interpretado intensamente por Martin Loeb; e a antagonista Silvia, brilhantemente interpretada por Eva Ionesco. Polêmicas mode on: o ator Martin Loeb tinha 18 anos na época que o filme foi lançado, enquanto as atrizes Lara Wendel e Eva Ionesco tinham 12 anos de idade. Em um resumo grosseiro temos um garoto disputado por duas garotas. Laura ama verdadeiramente Fabrizio. Ela faz de tudo para ter a atenção do garoto. Ela o ama de forma pura, inocente e infantil. O garoto se mostra bem cruel e se aproveita disso para fazer maldades com a garota.

          Os dois estão sozinhos em uma floresta. Fabrizio tem um cachorro (um pastor alemão) que frequentemente usa para assustar Laura. E mesmo com todas as maldades que o garoto faz, ela continua o amando e tentando conquistá-lo. Então temos uma cena que eu classifico como a pior e mais condenável do filme: Fabrizio mata um passarinho de forma cruel. E não estou falando de um pássaro cenográfico. Era um passarinho de verdade. Me desculpe se você considera isso como um spoiler, mas eu tinha que comentar. Embora eu não ache que seja um spoiler...

Laura
          Conforme o filme avança, Fabrizio vai se tornando cada vez mais cruel, até que ele consegue estuprar convencer Laura a ter relações sexuais com ele. A garota tenta resistir, mas ela não tem como se defender. Mas, a coisa fica ainda pior com a chegada de Silvia, que acaba se juntando a Fabrizio nas maldades contra a pobre e inocente Laura. E a partir desse ponto o jogo psicológico fica ainda mais pesado e perturbador. Cheguei a ter vontade de entrar na tela e descer o cacete no Fabrizio ajudar Laura. Em determinado momento, Fabrizio, sabendo do amor que Laura nutre por ele, transa com Silvia na frente dela. E exige que ela assista ao ato inteiro. Os atos sexuais são todos simulados, porém toda a nudez é mostrada. É muita polêmica para um filme só...

Laura e Fabrizio
          Em meio a essa violência psicológica e física temos belas paisagens. A floresta, a montanha, a Cidade Perdida e as casas parecem pertencer ao Paraíso. É tudo muito bonito e harmonioso. Nos passa fortemente a ideia do Éden bíblico. E, além das paisagens somos agraciados com uma trilha sonora maravilhosa. Não podíamos esperar menos de um filme italiano. A trilha doce faz um forte contraste com as cenas cruéis do filme. Ponto para o compositor Giuseppe Caruso.

          O filme nos mostra que a linha que separa a inocência da malícia é muito tênue. Basta um sopro. Não sou psicólogo, mas acredito que Maladolescenza deve ser um prato cheio para quem estuda psicologia. Podemos imaginar tudo como uma metáfora sobre o que é crescer. Ou então podemos ler o filme como uma transição da infância para a adolescência, e nos chocamos ao ver que a maldade pode vir de uma criança.

Fabrizio, Silvia e Laura
          Maladolescenza é um filme inclassificável. É um choque de sensações distintas o tempo todo. Ora boas, ora ruins, ora inocentes, ora perversas. Foi muito difícil dar uma nota em estrelas para esse filme. E, apesar dos pesares, é sim uma obra de arte, pois nos leva a pensar, nos leva a refletir. Mas, definitivamente, é um filme pra poucos.

Silvia, vivida pela atriz Eva Ionesco
Mais uma coisa: a atriz Eva Ionesco foi usada por sua mãe como modelo pornográfica mirim, tendo fotos eróticas tiradas aos 5 anos de idade. Mais tarde, já crescida, processou sua mãe. Sua história inspirou o filme Pretty Baby (1978) de Louis Malle. Em 2010 Eva dirigiu o filme My Little Princess, inspirado em sua história com sua mãe.


Resenha de Raphael Chiavegati Oliveira.

2 comentários:

  1. Filme à venda aqui:
    http://megacine.minestore.com.br/produtos/dvd-maladolescenza-1977

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  2. Assisti hj esse filme. Achei até interessante....Trilha sonora muito boa. Que dá vontade de bater no Fabrizio..isso dá.

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